“O livro no topo da pilha era O Assobiador, e ela falou em voz alta, para ajudar sua própria concentração. (...)
Na página três, todos estavam calados, menos Liesel.
A menina não se atreveu a levantar os olhos, mas sentiu os olhares assustados prenderem-se a ela, enquanto ia puxando as palavras e exalando-as. Uma voz tocava as notas dentro dela. Este é o meu acordeão, dizia.O som da página cortou-os ao meio.Liesel continuou a ler. Durante pelo menos vinte minutos, foi entregando a história.
As crianças menores as acalmaram com sua voz, enquanto todos os outros tinham visões do assobiador fugindo da cena do crime. Não Liesel.
A menina que roubava livros via apenas a mecânica das palavras – seus corpos presos no papel, achatados para lhe permitir caminhar sobre eles. Além disso, em algum lugar, nos hiatos entre uma frase e a maiúscula seguinte, também havia Max.
Liesel lembrou-se de ter lido para ele quando o rapaz estivera doente. Será que ele está no porão?, pensou com seus botões. Ou estará roubando de novo um vislumbre do céu?”.
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